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Notícias

07 de março de 2017

"Cometemos alguns erros" , diz Abilio sobre gestão da BRF

O presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, reconheceu hoje, em teleconferência com analistas, que o mau momento vivido pela empresa, que reportou ontem o primeiro prejuízo anual de sua história, é resultado de erros cometidos pela gestão da própria companhia. “Cometemos alguns erros. Está na hora de aceitar isso”, afirmou ele, reconhecendo que o momento é de “desconfiança” dos investidores em relação ao comando da BRF.
 
De acordo com Abilio, a BRF está ciente dos problemas, mas está buscando corrigí­los. Entre as principais “deficiências” da BRF, o empresário citou a “descentralização excessiva” da gestão da empresa e o marketing estratégico deficiente. Há alguns anos, as principais marcas da BRF (Sadia e Perdigão) vêm perdendo participação para rivais como a Seara, da JBS.
 
Para tentar reverter o quadro crítico, a BRF contratou a consultoria BCG para reformular seu modelo de gestão. Paralelamente, Abilio também constituiu um comitê para trabalhar por 90 dias nesse processo de reorganização. Além do próprio Abilio, fazem parte do comitê Walter Fontana, membro do conselho de administração da BRF e ex­presidente da Sadia, Eduardo D`Ávila, consultor com passagem pela Sadia, e José Carlos Magalhães, sócio do fundo de investimento Tarpon.
 
O fato é que a conjuntura também não ajudou, e a recessão da economia brasileira não poupou a BRF nem mesmo nas festas de Natal e Ano­Novo. Líder do mercado brasileiro de alimentos processados, a BRF inclusive voltou a perder participação de mercado no país no quarto trimestre. E foi nesse contexto que a companhia, que passou boa parte do ano passado pressionada pela disparada das cotações do milho no país, registrou o primeiro prejuízo anual desde que foi criada, em 2009, a partir da incorporação da Sadia pela Perdigão.
 
O prejuízo líquido foi de R$ 372 milhões, ante um lucro líquido de R$ 2,9 bilhões em 2015. E no quarto trimestre, quando normalmente os resultados melhoram com as vendas de carnes típicas das festas de fim de ano, as perdas alcançaram R$ 460 milhões.
 
Se no front doméstico o cenário foi desalentador, no externo a BRF foi afetada pela apreciação do real perante o dólar. Embora contribua para reduzir as despesas com grãos (commodities lastreadas em dólar), a valorização da moeda brasileira reduz a rentabilidade das exportações da empresa, que lidera os embarques globais de carne de frango.
 
Assim, a receita líquida da BRF caiu 4,1% no quarto trimestre, para R$ 8,590 bilhões. No acumulado de 2016, no entanto, a receita aumentou 4,8%, para R$ 33,7 bilhões. Esse crescimento refletiu, sobretudo, aquisições realizadas no exterior. A BRF, que vem apostando pesado na ‘globalização’ de suas operações, já investiu US$ 1,6 bilhão para se internacionalizar desde 2013.
 
“A conjunção de fatores setoriais, conjunturais e de incertezas políticas, somada a algumas desafios de execução interna, nos levaram a resultados muito aquém do esperado e muito abaixo do potencial da BRF”, reconheceu a companhia, em comunicado assinado por Abilio e pelo CEO da companhia, Pedro Faria.
 
No quarto trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da BRF totalizou R$ 559 milhões, redução de 70,4% na comparação com igual intervalo de 2015. Com isso, a margem Ebitda diminuiu 14,5 pontos percentuais nessa mesma comparação, de 21% a 6,5%.
 
Em 2016, o Ebitda da BRF alcançou R$ 3,413 bilhões, retração de 38,8% ante os R$ 5,525 bilhões reportados um ano antes. A margem Ebitda do último ano foi de 10,1%, redução de 7 pontos percentuais.




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