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Notícias

21 de março de 2019

Venda da Nextel pode alimentar pressão para adiar leilão de 5G

A batalha em torno das frequências da quinta geração de serviços móveis (5G) ganhou mais uma variável após a América Móvil, dona da Claro Brasil, fazer um acordo para comprar a Nextel Brasil.
Agora com menos espectro do que suas concorrentes diretas, a TIM Brasil tende a defender que o leilão de frequências seja realizado em março de 2020, como foi previsto pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). As demais operadoras, atualmente com grande capacidade de espectro, não queriam o certame tão cedo e agora a expectativa é que pressionem mais para tentar adiá-lo.
Essas conclusões fazem parte do relatório do Santander Corporate & Investment Banking, assinado pelos analistas Valder Nogueira e João Julio Matos, do Brasil, e Leonardo Olmos, do México. Eles estudaram os impactos da venda da Nextel para o grupo do bilionário mexicano Carlos Slim, por US$ 905 milhões (cerca de R$ 3,47 bilhões), descontando a dívida líquida da empresa.
Recentemente, a Anatel estabeleceu novos limites e modelo para o estoque de espectro das operadoras de telecomunicações. As companhias precisam de espectro para os serviços móveis. Como já não há muito mais frequências de 4G para serem leiloadas, a opção de crescimento é com o reúso do que as empresas já possuem e 5G.
A Claro antecipou-se ao leilão de 5G em busca por mais frequência e pode reforçar seu conjunto de espectro ao adicionar o que vai receber da Nextel. E como a Anatel prevê, a combinação das empresas não deverá ultrapassar o limite de espectro, portanto, não se espera que tenham de ser devolvidos blocos de frequência.
A Telefônica tem espectro suficiente e agora a Claro também. Dessa forma, não precisam de um leilão para comprar espectro de 5G no prazo estabelecido pela agência reguladora.
O modo como a Claro vai usar o espectro que receberá com a Anatel é fundamental, já que a companhia tem sido muito agressiva nos preços dos serviços móveis, o que pode prejudicar a competição se continuar nesse ritmo (para ajudar a defender a Net — braço de voz e banda larga fixa, e TV por assinatura), escreveram os analistas.
A TIM ficou sem muitas opções para obter mais espectro. Para os analistas, é possível que isso acelere uma fusão com a Oi, ou um acordo envolvendo o espectro da Oi em São Paulo, já que estaria à venda.
No entanto, a equipe destaca que o motivo mais racional para uma fusão entre TIM e Oi não seria a capacidade de espetro no serviço móvel, mas sim na infraestrutura de rede fixa (principalmente backbone, backhaul - as redes de transporte e transmissão - e os anéis ópticos metropolitanos).
Os analistas consideram que a compra da Nextel foi positiva para a Claro, embora não vejam espaço para grandes sinergias de custo, exceto no acordo entre a Telefônica e Nextel, para roaming. Esse acordo é estimado em cerca de R$ 700 milhões.
A Claro pode contestar o negócio nos tribunais ou apenas usar a capacidade da Telefônica até que o contrato expire, dizem os analistas. Isso seria de alguma forma reduzir o benefício do negócio do lado do custo.
O Valor apurou que o contrato deverá ter continuidade, ao menos do lado da Telefônica. Os analistas acrescentaram que a Claro deve lucrar com os prejuízos fiscais da Nextel acima de R$ 2,2 bilhões e também com as decisões de recentes litígios tributários do PIS-Cofins.

FONTE: https://www.valor.com.br/empresas/6172179/venda-da-nextel-pode-alimentar-pressao-para-adiar-leilao-de-5g